A graduação e a pós-graduação em Administração no Brasil

O tema do post de hoje foi uma dica do amigo Samir Oliveira e trata do atual estado da graduação e pós-graduação em administração no Brasil.

Na última edição da Organização e Sociedade foram publicados dois documentos para instigar o debate sobre a graduação e a pós-graduação em administração no Brasil. Dentre os dois textos, a pensata Academia e a Fábrica de Sardinhas do Rafael Acadipani me pareceu mais interessante por tentar fazer um panorama tanto da graduação como da pós-graduação em administração. Abaixo, destaco dois pontos:

O autor deste artigo, em conjunto com Ricardo Bresler, advertiu em 1999 que as faculdades e universidades brasileiras passavam por um nítido processo de McDonaldização. Cursos enlatados, o esvaziamento da reflexão, os ataques à liberdade acadêmica, a busca por ensinar aquilo que supostamente funciona, o uso desenfreado de apostilas, a transformação do aluno em cliente, a difusão de formas de avaliação de desempenho de professores similares a de empresas e a quantificação da produção acadêmica já eram traços do ensino superior brasileiro em 1999. De lá para cá, a situação apenas se agravou. A academia está prestes a virar fast-food. O modelo gerencial passou a ser visto como a solução para os problemas das organizações educacionais. Começou-se a desenvolver avaliações de desempenho de professores que mimetizam os processos de avaliação de executivos, os planos de carreira estão cada vez mais próximos ao de empresas, os alunos passaram a ser vistos como clientes e os cursos como produtos. (ALCADIPANI, p.346, 2011)

Outro problema grave é que na lógica gerencial-empresarial o que vale é a produtividade mensurada por números. No Brasil, produção acadêmica se transformou em sinônimo de fazer pontos. Balizada pela tabela de pontuação de produção acadêmica da CAPES, o trabalho de pesquisa tem sido medido pela quantidade de pontos que o professor consegue fazer por ano. Assim, a lógica está cada vez mais em produzir o máximo possível de artigos para fazer o máximo de pontos. Rankings com nomes e pontos de professores são produzidos e distribuídos nas secretarias dos programas de pós-graduação em todo o país. (ALCADIPANI, p.347, 2011)

Concordo com o Rafael Alcadipani quanto aos problemas da graduação em administração. Entretanto, sobre a pós-graduação concordo apenas com a sua conclusão de que um novo modelo de avaliação é preciso, pois não consigo visualizar a conexão entre o gerencialismo empresarial e a necessidade de produção de artigos.

O outro texto, O Campo Turbulento da Produção Acadêmica e a Importância da Rebeldia Competente, é de autoria de Peter Kevin Spink e Mário Aquino Alves.

Você pode encontrar outros textos discutindo a produção acadêmica brasileira em outras áreas nos seguintes blogs: Questões da Ciência, Metodologia da Ciência da Informação e Blog Ciência Brasil.

E você o que acha sobre a situação da graduação e da pós-graduação em Administração no Brasil? Deixe o seu comentário.

Então é isso, até próxima.

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9 comentários:

  1. Bem Ronei, eu sou suspeito.
    Discordo de quase tudo da graduação e da pós em Administração (das que conheço pelo menos) como vejo hoje.

    Essa lógica do mundo corporativo como lógica dominante é mais perversa ainda para quem não quer desenvolver conhecimento para administração da tradiconal empresa capitalista.

    Não sei como é tua realidade aí na UFSC, mas por aqui os estudantes, salvo raras exceções, parecem todos querer ser "Roberto Justus".

    Acho que a decisão do MEC alguns anos atrás de concentrar as graduações em administração sem habilitações específicas foi um grande erro. Não pesquisei ainda, mas deve haber mais gente que pense igual por aí.

    Ora, se as Engenharias, duras e muito mais objetivas, precisam se dividir em várias áreas para dar conta das especificidades de suas práticas, por que a Administração tem que ser uma só?

    Outra coisa que acho completamente fora de sentido é o lecionar de algumas áreas funcionais, como Gestão de Pessoas por exemplo, da forma como os livros texto existentes abordam. Gestão de pessoas, por estar ligada à comportamento organizacional, que nos E.U.A., se separa da Teoria de Organização, é "micro nível de análise". Não dá. Gestão é Gestão e Pessoas são Pessoas. Se formos pensar gestão temos que ir para a teoria de organização e se formos pensar pessoas podemos ir para diversos lugares, não apenas a psicologia social que orienta o pensaenot em Comportamento Organizacional.

    Mas, é muita coisa para comentar sobre isto. Vou ao poucos, se for havendo, conforme for havendo uma discussão.

    Agora, se neste teu post tem uma coisa que seria legal você detalhar melhor acho que é quando você afirma que não consegue " visualizar a conexão entre o gerencialismo empresarial e a necessidade de produção de artigos".Não? Como assim?

    Abraços

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  2. Orlando,

    Obrigado pela sua contribuição.

    Quanto ao ensino de graduação concordo plenamente com você e com o Alcadipani. Pois o que reina em nossos cursos é o pop-management. Por isso todos querem ser o "Roberto Justus". Se você pegar o guia de bibliografias básicas para os cursos de Administração do MEC, os principais periódicos são Exame e Você S.A. Agora o que me questiono é: A quem interessa que os cursos de graduação sejam assim? Não acredito que a única razão para isso seja o mercado (aqui no sentido de mercado de trabalho).

    Quanto a sua pergunta e a minha discordância com o texto do Alcadipani é a seguinte.

    O "produtivismo" é, pelo menos para mim, resultado de uma política pública que incentivou o crescimento da ciência brasileira a todo custo. Ele é apenas um resultado dentre outros como: o crescimento exacerbado de mestres e doutores nos últimos anos, em uma taxa muito acima do que a nossa pós-graduação poderia entregar com qualidade. E olha que já não são novas as críticas aos doutores mobrais. Expansão dos periódicos, muitos de qualidade duvidosa. Assim como o crescimento da produção científica brasileira que ninguem lê e ninguem cita.

    Acho que querer analisar esses problemas da pós-graduação apenas como problemas da nossa área de administração é um equívoco. E colocar a culpa desse problema no gerencialismo como o faz o Alcadipani é direcionar o "martelo para o prego errado". Até por que as universidades consideradas top do mundo são organizadas sob uma lógica muito mais gerencialista que a nossa e nem por isso deixam de produzir com qualidade e produzir novos "intelectuais".

    Um Abraço

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  3. Opa Ronei, sempre disposto a uma boa conversa e um bom debate sobre a Administração. Espero estar em aprendizado contínuo e buscando alternativas.

    Acho que entendi teu ponto de vista. Por outro quando você coloca o tal "produtivimo" como um resultado de política pública, e eu também entendo assim, não estaria você desconsiderando que o próprio Estado vem estando gerencialista já tem algum tempo? http://rae.fgv.br/rae/vol45-num1-2005/administracao-publica-brasileira-entre-gerencialismo-gestao-social

    Acho que por isso eu interpreto diferente. Não é um problema da nossa área. É que a nossa ciência produziu conhecimento que hoje é usado até contra ela mesma, por que? Por conta dessa megalomania de muitos que decidem os rumos da Administração, essa coisa de querer universalizar, essa coisa de querer ter uma teoria generalizante para todos os tipos de agência em Administração.
    Isso é ambição que vem pelo menos desde os "estruturalistas" como nomeados por Etzioni trabalhos como o de March e Simon.

    Indo para outro ponto, vejo que a proposta de comparação que você faz é complexa. No sentido de que tem muitos elementos interelacionados a serem considerados e, na minha opinião, não dá pra fazer, pelo menos EU não consigo, fazer uma comparação universidades brasileiras x universidades top do mundo. Porque nesse caso acho que se ampliou a análise para um problema muito mais amplo.

    Por exemplo, se você delimitasse um grupo destas universidades top, definisse um critério para escolha de um certo período de análise, identificasse os "intelectuais" produzidos (não gostei deste termo, produção de gente, definitivamente não)e aí fizesse a mesma avaliação com as universidades brasileiras, para ter uma comparação. Tudo isto apenas delimitado à Administração de um modo geral. Será que isto seria possível?

    Acho que seria um levantamento bem ambicioso, não? E mesmo assim, para a análise dos dados, que tipo de referencial teórico utilizaria? Como fazer um estudo destes sem um cortereducionista, limitado, totalmente enviesado mas que considere os aspectos históricos e culturais do campo em suas diferentes localidades e individualidades? Realmente será que é possível fazer algo assim? Será que alguém já fez?

    Dúvidas, questões genéricas, apenas isto a princípio.

    Super parabéns mais uma vez pelo blog. Não gosto muito do blogspot, mas se você se sente mais à vontade tecnicamente, fazer o quê. O importante é conteúdo que você está colocando aqui.
    Sigamos!

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  4. Amigo Ronei,

    primeiramente, obrigado por acatar minha sugestão. Penso que pelas manifestações e colaborações dos colegas acima, fica claro que há ‘pano para manga’ na discussão que o tema pode gerar.

    Bem, eu tendo a concordar com o colega 'dasilvaorg': penso que a crítica arguta do Alcadipani alude a um problema maior, mais amplo – o processo de maximização de resultados e da produtividade (daí a problemática do produtivismo por ele indicada) que provém da própria “gerencialização” (permitam aqui o neologismo) do Estado e, por conseguinte, do MEC e agências de fomento ao ensino e pesquisa, com suas métricas e classificação de resultados majoritariamente quantitativa. Ao menos considerando o argumento do Prof. José Henrique de Faria, acerca da ideologia capitalista e o processo de entrelaçamento desta com/na engrenagem estatal (no capítulo 3 do 1° volume e em todo o 3° volume do seu livro "Economia Política do Poder"), me parece bastante evidente essa problemática sugerida acima.

    De qualquer forma, creio também que a “chamada de atenção” do texto do Rafael recai bastante em questões não tão amplas (como essa do problema das cobranças de órgãos do Governo) e mais diretamente vivenciadas por nós, docentes e pesquisadores, a exemplo do “pacto da mediocridade” do qual ele fala – uma dura e triste verdade para qualquer um que já tenha iniciado ou se engajado na prática da docência.

    Enfim, siga mandando bem no seu blog meu amigo. E atualize seu perfil no “Quem sou eu” dele: você não é mais “quase” mestre. :)

    Um abraço!

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  5. Orlando e Samir,

    Quero esclarecer alguns pontos.

    1) Com toda certeza o Estado se encontra mais gerencialista. Negar esse fato seria uma estupidez.

    2) Não concordo com (ou acho certo) o atual panorama da pós-graduação no Brasi. Produtivismo, clube de co-autoria, critérios qualis definidos arbitrariamente, utilização de fator de impacto para avaliar a produção cientifíca do pesquisador entre outras questões só subvertem o próprio "ethos da ciência."

    Agora partindo para questões especifícas

    Orlando e Samir: Que o Estado (assim como todas as outras esferas da sociedade contemporânea) está de certo modo imbricado com o gerencialismo é quase que um fato. Agora deduzir que a quantificação da avaliação acadêmica, causa basilar do produtivismo, é influência da lógica gerencialista é um salto demasiadamente grande, pelo menos para mim. Muito embora eu reconheça que a partir de uma perspectiva "marxista"(já coloco entre aspas devido a imprecisão dessa palavra no que desejo retratar) e teórico-crítica ela seja extremamente fácil de ser feita.

    Por isso, vou colocar alguns pontos que, atualmente, não me permitem fazer essa fácil conexão entre produtivismo e gerencialismo.

    Recentemente, vi no programa TomeCiência um debate sobre o futuro da Ciência no Brasil com pessoas diretamente engajadas na discussão dessas políticas públicas e me pareceu que o gerencialismo é algo extremamente novo para eles. Isso quando o gerenciamento não se limitava a desburocratização.

    Outro ponto é que as comissões de cientistas que participam dessas formulações são em sua maior parte (acredito eu) das ciências "duras" onde números e a quantificação são regras e não excessões. Sendo que o ministério de C&T, CNPQ e talvez a Capes (nunca li nada sobre os "presidentes" da Capes) foram quase sempre (sei de duas excessões no Ministério de C&T) chefiados por cientistas (provavelmente ligados as ciências "duras", já que a legitimidade do cientista social, de modo geral, é relativamente menor).

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  6. Um terceiro ponto são três críticas de cientistas ao modos operandi do da ciência brasileira. A primeira do Miguel Nicolelis que observa justamente uma não-gerência da ciência brasileira. Trazendo para termos administrativos: A estrutura atual da ciência brasileira é patrimonialista, sendo desenhada e articulada para garantir os privilégios de alguns grupos que "reinam" nacionalmente, mas que "nada são" dentro da comunidade internacional. Uma outra crítica foi veiculada no Jornal da Ciência e que questionava os críterios de uma comissão do CNPQ para distribuição de bolsas (acho que de produtividade) cujo o ganhador possuia uma quantidade exprevissa de orientandos e uma baixa produção (em números e qualida) sendo o críterio principal a quantidade de orientações ou algo do tipo (o principal é a não produtividade - no sentido de papers produzidos). A terceira crítica foi feita pelo André, no Blog Metodologia da Ciência da Informação, na qual ele questionava o atual critério de distribuição de bolsas aos programas de pós-graduação, através das prioridades nacionais que foram formuladas na época do governo militar e são mantidas até hoje.

    Orlando: Quanto a comparação entre as universidades brasileiras e as toptop do mundo não foram feitas ou estudadas por mim. Já li várias delas no Blog Ciência Brasil do MHL e no Jornal da Ciência. O MHL tem um post interessante no qual ele avalia a posição do Brasil em 20 áreas de conhecimento no Sciamago e o desempenho brasileiro é pífio em praticamente todas as áreas analisadas.
    Ainda sobre a comparação entre as universidades brasileiras e as toptop tem uma entrevista do Miguel Nicolis, que inclusive eu já indiquei aqui no blog, em que ele crítica veemente o modo operandis da ciência brasileira, destacando inclusive as diferenças na forma de gerenciamento dos recursos (no caso do Brasil no (in)gerenciamento) entre lá e aqui.

    Concluindo

    O sistema atual é perverso. Prima pela quantidade em detrimento da qualidade, restringe e o coage o docente a entrar no jogo. Mas a "culpa" dessa vez, reafirmo pelo menos para mim, não é do gerencialismo (ao menos da forma como foi definido pelo Alcadipani).

    Desculpem pelo longo comentário.

    Abraços

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  7. Ronei,
    primeiro quero dizer que está muito boa a conversa aqui. Nem entendi o pedido de desculpas pelo longo comentário.
    Acho que é preciso deixar claro aqui, para quem está fazendo, propondo, definindo estes critérios na prática, que sabe-se que numa discussão como esta tudo é muito mais simples do que na complexidade das operações e imbricamentos entre milhares de agentes, história, realidades locais e globais da administração dos processos. Nossa discussão, antes criticar simplesmente por criticar, me parece que está buscando compreender melhor a práxis, compreender a partir da discussão, das colocações, das percepções de cada um. Paro podermos melhor nos posicionar, sobre

    A discussão, a partir da sua colocação, me parece que pode se dividir em pelo menos dois pontos que se complementam:
    1) Características da própria administração da "ciência" no Brasil e no mundo;
    2) Influência do gerencialismo (gerenciamento, gestão) sobre esta administração.

    Quanto ao 1º ponto, entendo que se a gente não for para o dia-a-dia dessas decisões, políticas, definições, vamos ficar sempre na discussão do ideal. Espero que no tempo e condições adequadas, aqueles de nós que se interessarem transitem entre a discussão do ideal e a proposição, discussão e administração das possibilidades. Afinal, fazemos Ciência Social Aplicada. E aí é que entendo que esta discussão se torna mais pertinente de ser feita por quem está estudando/praticando/pesquisando (tudo ao mesmo tempo de preferência)alguma administração. Para uma administração da "ciência" até que ponto nosso conhecimento dá conta?

    No segundo ponto, ou seja, a influência do gerencialismo (ou mesmo gerenciamento, ou mesmo gestão) nas práticas de administração da "ciência". Quando alguém diz que está faltando ou não gestão nestas coisas, qual é o entendimento desta pessoa sobre gestão? O que a pessoa está querendo dizer com isso? Me parece que um dos grandes problemas da Administração é que todo mundo pode dizer alguma coisa sobre gestão e se sair bem. Sei que o Nicolelis está na moda e que ele é a bola da vez como modelo de intelectualidade e autoridade sobre a pratica da ciência no Brasil. A imagem veiculada é de extrema competência no que faz e comprometimento com o futuro do país. Não estou questionando isto. Só não sei é o que ele entende por gestão. Antes de concordar ou discordar com ele sobre a administração (gestão) da "ciência" eu acho que caberia uma discussão sobre o que a própria administração é ou não, ou mais coerente com as coisas que tenho estudado, o que a gestão faz? Quando Nicolelis fala em gerência ou falta de gerência o que essa gerência ou falta de gerência muda em outra coisas, como a "ciência"? Como esta mudança, ou não mudança, cria outras coisas?

    Uma observação antes de concluir. É claro que eu sabia que a comparação top X Brasil não é uma proposição sua, que tem algumas bases (estudos) de apoio, o que coloquei foi apenas uma dúvida quanto à pertinência do uso destas bases. Não acompanho os blogs e sites que você mencionou mas vou começar a acompanhar agora. Mais à frente poderei dizer algo.

    Para concluir. Não penso que vincular o produtivismo à influência da lógica gerencialista seja um salto tão grande assim. Pelo contrário, se entendi, o gerencialismo como foi definido pelo Alcadipani pode ser resumido como a assimilação do “modelo corporativo, permeado pela ideologia gerencial, […] como “a maneira” de se fazer gestão." Neste ponto, acredito que temos (nós, que estudamos e pesquisamos a Administração) que assumir nossa responsabilidade neste processo,compreender e denunciar esta dominação e buscar alternativas nos diferentes campos pelos quais nos interessarmos. A "ciência" é apenas mais um campo a ser administrado, mas certamente não "gerencialisticamente".

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  8. PS.
    O Vladimir Saflate publicou um texto na Carta Capital no qual acredito que explica com muita propriedade algo muito próximo do meu argumento sobre a validade dos estudos de ranking universitário: http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/avaliar-para-moldar

    Abraços

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  9. Orlando,

    Li o texto do Vladimir e achei esse texto tão ou mais enviesado do que os próprios rankings e modelos que ele crítica.

    Ele diz que existe uma grande diferença nos resultados... mas os primeiros lugares segundo o Rogério Cezar de Cerqueira Leite (http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=78089) são sempre ocupados pelas mesmas posições.

    ele argumenta que os rankings desqualificam as "ciências humanas", sendo que elas possuem a mesma "cientificidade", o que não é verdade. O que hoje é considerado legítimo como Ciência (quer eu concorde ou não) são as ciências duras. E essa compreensão não se restringe apenas ao âmbito acadêmico.

    Ele crítica a utilização do inglês como A língua da ciência. E que aceitar essa utilização é erguer os muros contra a sociedade. No entanto, não existe uma biologia "nacional" ou uma física "nacional" e que pode estar desconectada das questões ditas internacionais. Até pq isso seria produzir um conhecimento que nega as bases ontológica e epistemológica que orientam essas ciências.

    Essa crítica sem fundamento é bem diferente do que dizer que a ciência brasileira também deveria estar preocupadas com problemas nacionais. Até pq todo conhecimento é motivado por um interesse e isso não vem de agora e nem com o surgimento do capitalismo.

    O mais "engraçado" desse texto é quando ele cita o Celso Furtado, Sérgio Buarque de Hollanda, Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes todos das ciências sociais. Isso também não é escolher um modelo e impor sobre os outros (no caso os cientistas das ciências naturais???). Até por que as ciências naturais e sociais possuem lógicas bem diferentes de trabalho.

    Se ele acredita que as universidades brasileiras tem um desempenho ruim nos rankings pois privilegia as ciências sociais que assuma isso. Destaque como deveria ser esse modelo ou as características do modelo atual brasileiro e que ele acha adequado.

    Para terminar tem esse trecho aqui "Mas o que um índice de citações retrata? Poderíamos dizer que um artigo é mais citado, circula mais, devido- à sua qualidade. Isto é, porém, simplesmente falso. O maior número de citações indica que o artigo foi lido por mais pessoas e conseguiu inserir-se em uma das redes hegemônicas de pesquisa em determinado momento" Achar que um artigo é mais citado não pela qualidade ou falta dele, mas sim pelos resultados e conclusões a que chegou. Um exemplo é o artigo da Nasa. Embora citado possuiu uma qualidade duvidosa. Mas é sempre mais fácil achar outros motivos pela citação do artigo... Paro por aqui.

    Abraços

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