Os editores falam: Como fazer uma boa revisão! parte 1

Olá, este é o primeiro post na nova casa do blog Administração e Organização. Se você acompanha o blog via RSS ou por e-mail pode ficar tranqüilo. Para começar com o pé direito, o post de hoje traz a opinião de dois editores de periódicos internacionais na área de administração dizendo como realizar uma boa revisão de um artigo científico. Este post foi publicado originalmente no blog  Orgtheory.net e foi traduzido livremente por mim. Para conferir o texto original clique aqui. Como o texto original é bem longo o publicarei em pedaços. Confira abaixo a primeira parte.


Os editores falam: Como fazer uma boa revisão!

Uma das coisas mais importantes que fazemos como membros de uma comunidade intelectual é auxiliar na revisão por pares. Embora seja uma tarefa importante a revisão de textos recebe o mínimo de atenção na formação de pós-graduação. Nós certamente aprendemos como criticar na pós-graduação, mas, como você vai ver pelos comentários dos editores abaixo, criticar não é a mesma coisa que revisar. A maioria de nós aprendeu a ser um revisor simplesmente fazendo revisões. Embora um manual definitivo de como revisar um artigo seja impossível, achei que seria bom identificar algumas das melhores práticas em matéria de revisão da nossa área. A partir dessa ideia, solicitei a um pequeno número de editores e ex-editores de periódicos de teoria organizacional e de sociologia que comentassem sobre como fazer uma boa revisão. Este post relata esses comentários.

Você vai notar que os editores parecem concordar em vários pontos importantes (por exemplo, ser construtivo!), mas há alguma variação também. Alguns dos editores fazem apontamentos bem específicos e úteis sobre o que revisores devem e o que não devem recomendar em suas revisões. Em vez de resumir, eu vou deixar você ler por si mesmo. A ordem dos comentários não segue nenhuma lógica particular.

Diane Burton – senior editor, Organization Science

Antes de abordar os aspectos substantivos da revisão, eu gostaria de fazer alguns comentários sobre o processo de revisão.

(1)   "Por favor, responda os pedidos de revisão!". Eu não consigo dizer o quanto é frustrante ter o pedido de revisão ignorado. A coisa mais importante que eu faço como editora é identificar um conjunto de revisores, que inclua especialistas metodológicos e substantivos com alguma variação em termos de formação e experiência entre eles, para um determinado manuscrito. Peço a você para ser um revisor, pois acredito que você poderá desempenhar um importante papel no processo de revisão desse artigo. Em outras palavras, não é um processo automatizado e nem seu nome é escolhido em um sorteio aleatório. Sua decisão de revisar ou não é uma resposta a uma solicitação específica e deliberada do editor por você. Apesar de uma resposta positiva sempre ser preferível, todos nós entendemos que existem ocasiões em que você deve recusar uma solicitação de revisão. Porém, quando este for o caso, não hesite! Se você demorar em responder, você irá segurar todo o processo de revisão. Se você está demorando em dar a resposta para estender o tempo da revisão não o faça! É muito mais atencioso responder que sim e depois solicitar uma prorrogação. Se você tem de dizer “não”, tente em seguida dar sugestões de outras pessoas que possam ser apropriadas

(2)   "Por favor, não use a área de comentários confidenciais para fazer apontamentos teóricos ." A área de comentários confidenciais é um lugar para revelar que você já viu versões anteriores do artigo e / ou conhece a identidade do autor. É um lugar onde você pode explicar a sua abordagem na revisão e/ou a sua própria experiência. Talvez você não se sinta totalmente capaz de acompanhar a velocidade uma literatura particular ou de uma metodologia. Talvez você tenha encontrado uma teoria tão problemática que você não gastou tempo na análise do método (ou vice-versa). Esta é uma informação útil para o editor. A área de comentários confidenciais não é um lugar apropriado para dizer que você não compartilha a visão teórica do autor. Por favor, não use-o para expressar seus verdadeiros sentimentos sobre o manuscrito. Você coloca o editor em uma situação constrangedora quando realiza uma revisão construtiva com apenas comentários minimamente críticos do que você compartilha com o autor, mas envia uma avaliação quantitativa contundente e devastadora do artigo através dos comentários confidenciais.

Ok... agora, o que eu penso sobre uma boa revisão...

(1)   Boas revisões levam o manuscrito a sério e tentam dialogar com o autor(es) a partir da perspectiva que ele está falando. Comentários que sugerem ao autor uma pergunta diferente, que indica uma literatura diferente ou uma coleta diferente não são úteis a ninguém. Embora seja apropriado sugerir uma literatura que pode ter sido omitida, seja respeitoso nas orientações disciplinares que fizer ao autor.

(2)  Boas revisões ajudam o autor(es) a melhorar o trabalho. Revisões que destacam e se constroem a partir do que é bom em um trabalho são preferíveis do que aquelas que cortam o trabalho em partes. Na minha opinião, os revisores deveriam ser árbitros de “qualidade” antes que árbitros de “gosto”. Em vez de decidir se a pesquisa é interessante ou um “romance”, os revisores deveriam decidir se o trabalho é bem feito, se é um avanço sobre o que já foi publicado, e se precisa ser melhorado ou clarificado para ser tão convincente quanto é possível.

(3)  Boas revisões priorizam o feedback. Revisões que deixam claro quais comentários devem ser tratados e quais são as sugestões amigáveis ​​são melhores do que aquelas com listas de sugestões de “lavanderia” ou com um punhado de sugestões pela metade.

Michael Lounsbury – associate editor, Organization Studies; editor, Research in the Sociology of Organizations

O que faz uma revisão boa? Isso é difícil de definir devido ao contexto específico de cada revisão, porém realmente existem revisões que são melhores e algumas que são absolutamente pobres. Em sua maioria as boas revisões apresentam um balanço de feedbacks positivos, observações críticas e sugestões. É importante enfatizar que nas boas revisões os comentários críticos são seguidos de sugestões concretas de como melhor o artigo, tanto analiticamente como teoricamente. Também, enquanto os alunos da pós-graduação são treinados para identificarem os pontos fracos de um artigo (que freqüentemente são muitos), eu penso que bons revisores são capazes também de enxergam o que é particularmente valioso ou interessante em um artigo, e pensar em como fazer as “pedras preciosas” (mesmo que ocultas) aparecerem no artigo. A parte mais gratificante de ser um editor é ajudar os autores a desenvolveram sua contribuição para um artigo que tem uma grande contribuição teórica que é clara e pode repercutir em uma variedade de audiências. Ter boas revisões e revisores atentos que estão igualmente dispostos a tornar um artigo o melhor que ele pode ser é de um valor inestimável. Tenho em mente que a maior parte dos artigos é rejeitada na primeira submissão e até mesmo na segunda e terceira submissão. Diante deste estado do campo, é ainda mais importante ter boas revisões que não só destacam as falham fundamentais, mas que também oferecem incentivos e conselhos de como ir para frente com o artigo, quanto mais específico melhor.

Então é isso, até próxima.

Achou o texto interessante? Então aproveite para assinar o blog e receber as novas atualizações do blog por e-mail clicando aqui



Nenhum comentário:

Postar um comentário